sábado, 11 de janeiro de 2014

Poderoso - Conto Sensual - Continuação


      Selena, ainda extasiada pela presença de Rogério, o veterinário que veio dar uma olhada no cavalo de seu pai, Poderoso, continuou sentada na varanda se abanando mais intensamente, com mil pensamentos a lhe roubarem o sossego.

     Durante o jantar começou a perguntar sobre Rogério e sua família, quer dizer, sua família só para disfarçar o entusiasmo. O pai, mesmo estranhando, respondia as suas perguntas, desconfiado, esperando o momento em que o mistério fosse desvendado. E foi! Selena foi rodeando a conversa até sugerir que Rogério lhe ensinasse equitação. O pai, velho de guerra, percebeu na hora e não gostou nada. Gostava do rapaz e de sua família, mas daí a pensar em algum relacionamento amoroso já era demais para sua cabeça. Selena, como filha única e mimada, tanto fez que convenceu o velho pai a convidar Rogério para ser seu professor por uns dias. Ela deu um pulo da cadeira, abraçou seu pai enchendo-o de beijos e agradecendo por concordar. O pai, olhando para sua mulher que ria da situação coçou a cabeça e fez cara de "isso não vai prestá, bem".

      No outro dia Selena levantou-se de manhã cedo, aprontou-se e ficou esperando Rogério na varanda. Demorou um tempo até que ele aparecesse montado em seu cavalo. Não era bem isso que ela queria, mas já estava bom. Cada um em seu cavalo, então. Por enquanto.

      Se cumprimentaram e ele ajudou-a a subir em Poderoso. Como tinha medo de altura soltou vários gritinhos e ficou praticamente paralisada quando Poderoso começou a dar os primeiros passos. Rogério não conseguia se conter e ria da situação. E aproveitava para reparar na moça que conhecera no dia anterior, de vestido azul, cabelos ondulados e olhos pequenos. Tão linda e tão branquinha. Sua pele não combinava com o calor e nem com sol quente, contrastando com seu bronzeado adquirido pelos poucos dias em que estava por ali, cavalgando sem camisa.

      Depois de Selena já ter se acostumado com Poderoso, Rogério subiu em seu alazão e foi guiando-a, bem de perto. Paralisada, Selena só conseguia olhar para o chão e ficar com as mãos grudadas do arreio. Rogério pedia calma e mesmo assim Selena não relaxava. Estava apavorada de verdade.

      Depois de um bom caminho Selena desistiu de continuar e pediu para descer de Poderoso. Não aguentava mais ficar travada de medo. Subir nas alturas não era fácil para ela. Rogério, delicadamente, apoiou-a nos braços ajudando-a a descer. E foi abaixando-a devagar, de propósito, sentindo cada centímetro do corpo dela encostado no seu até ficar com os olhos bem perto dos dela, admirando ainda mais aquela branquinha, que apertava os olhos tentando enxergá-lo melhor, depois arregalava-os como se tivesse descoberto algum segredo. Sua boca entreaberta era um convite ao desfrute naquele lugar paradisíaco e isolado.

      Selena só não contava com a timidez e o respeito de Rogério. Ele foi se afastando aos poucos, segurando em suas mãos até soltá-las, deixando-a sem entender nada mesmo estando a poucos centímetros um do outro. Os olhares não se desviavam, a respiração ofegante, o mundo em silêncio ouvindo as batidas dos corações... Um, depois o outro, num compasso harmonioso, que aos poucos foi se acalmando até Rogério desviar seu olhar e pedir desculpas pela ousadia de tocar-lhe. Selena, gaguejando, disse que tudo bem. Respirou fundo e sugeriu que poderiam ir embora.

     Rogério, honesto em suas atitudes, disse que não precisava exagerar tanto. Poderiam continuar com as aulas. Ela, inconformada e mesmo assim esperançosa, perguntou-lhe se ele subiria em sua garupa para lhe dar maior segurança. Ele olhou o horizonte, mordeu o lábio inferior, pensou, e disse que não teria problemas, que poderia até ensinar melhor se essa fosse a segurança que ela tanto queria. Dispensariam Poderoso e seguiriam somente em Moreno, o puro-sangue manso de dar gosto quando a mulher era  medrosa.

      Primeiro Selena montou e travou, depois Rogério, rindo de seu jeito, montou em sua garupa. Os corpos se encostaram e ao mesmo tempo os dois suspiraram. Gentilmente ele pegou em suas mãos e foi conduzindo Moreno, bem devagar, até Selena se acostumar. Sussurrava em seu ouvido, contando os segredos de como conduzir um cavalo. Selena já não prestava mais atenção aos conselhos de Rogério, apenas acenava com a cabeça como se tivesse entendido tudo. Dependendo do movimento que Rogério fazia seus braços a enlaçavam, como se fosse um abraço. Selena suspirava fundo e continuava. Ele, conduzindo o cavalo, fez com que este quase galopasse. Selena, mesmo assustada, apenas agarrou ainda mais suas mãos e relaxou o corpo encostando-o no seu. Sentiu sua excitação... Seu coração estava tão acelerado que ficou com medo de Rogério ouvi-lo. A boca, sempre entreaberta como se esperasse um beijo a qualquer momento, estava seca, mas mesmo assim Selena engoliu seco e continuou.

      Rogério, achando que havia exagerado, diminuiu e sussurrando no ouvido de Selena que por hora já estaria bom, que aos poucos ela pegaria o jeito e cavalgaria sem problemas e sem medo.

      Ela apenas concordava com ele e não se conformava de estar ali tão grudada em seu corpo e ele querer tanto respeito. Não tomaria a iniciativa nunca, mas também não conteria seus desejos.

      Cavalgaram tranquilamente. Os corpos grudados e Rogério sentindo que não podia mais se controlar com aquela moça que exalava cheiro de fêmea misturado ao perfume amadeirado. Os cachos que estavam para o lado voavam para seu rosto, fazendo-lhe cócegas no nariz. Cachos perfumados e macios, ajeitados e convidativos para o toque. Rogério já não sabia mais o caminho da estrada. Fechava os olhos e apertava as mãos no arreio, tentando se controlar. Vez ou outra olhava para as coxas de Selena e imaginava a pele branca a cegar-lhe, os músculos firmes e os pelos arrepiados com o toque de sua boca que percorria cada pedaço em sua imaginação.

      Depois de ficarem em silêncio por alguns minutos, Selena sentiu seus braços lhe apertarem mais forte, suas mãos a lhe percorrerem o corpo, sua respiração quente em seu ouvido e um beijo bem de leve na sua nuca, roçando a barba por fazer e provocando um arrepio. Não aguentando mais jogou a cabeça para trás e se entregou. Rogério, com uma mão, virou seu rosto e lhe deu um beijo, longo, quente, melhor do que ela havia imaginado. As mãos ficaram incontroláveis percorrendo os corpos grudados. Selena soltou do arreio e alisava os braços de Rogério que lhe apertava contra seu corpo. Moreno cavalgava sem rumo e os dois se entregando num prazer, numa alucinação imaginada só por Selena, que agora se concretizava. Bocas unidas, molhadas, roçando uma na outra... Sussurros no ouvido, gemidos, arrepios... E o tempo passou.

      Só depois é que se deram pela falta de Poderoso. Selena ficou desesperada, apesar de ainda excitada, não se perdoaria se Poderoso sumisse. Era o preferido de seu pai e isso o deixaria arrasado. Rogério pediu para que ela confiasse nele, que se segurasse firme e sem medo. Ela disse que sim, depois de mais um longo beijo. Ele, então, colocou Moreno a galope de volta ao sítio. Ao longe avistaram Poderoso na porteira esperando o casal pervertido voltar. Simplesmente não queria ficar como testemunha, disse Selena rindo. Rogério também sorriu e vendo que não havia ninguém a lhes observar deu-lhe mais um beijo apaixonado.

      Marcaram outra aula para a próxima manhã, agora só com um cavalo. Somente Moreno participaria da indecência dos dois. Se fingiria de cego enquanto estivessem cavalgando, disse Selena, com bom humor. Rogério concordou e se foi, com o gosto daquela mulher atrevida, uma moça de família.

      Fim.

12 comentários:

  1. Oi, Clara... eu bem percebi que o conto não acabava na parte anterior. Quando há essa atração de cheiro, de pele, fica muito difícil resistir. Respeito é muito bom, mas quando há essa química, é preciso deixá-lo de lado.
    Adorei, um abraço!

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    1. É a química, Bia, aí não tem como negar. Tudo acontece, mesmo querendo que não aconteça nada
      Beijos, ótima semana, menina!

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  2. Adorei,Clara! Soubeste dar uma bela e esperada continuidade! Agora só um cavalo bastava...beijos praianos,chica

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    1. Só um cavalo foi o suficiente, Chica, ainda bem!

      Beijos, gaúcha linda!

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  3. ai clara gostei até fiquei exitado mais eu queria
    que vc tivece contado o resto que ia rolar no
    outro dia deve tercido melhor ainda

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    1. Oi, José, qualquer dia eu escrevo um conto com vários capítulos... Com começo, meio, meio, meio, meio, meio e fim! rsrsrsrs

      Beijos

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  4. Esperamos a continuação rapidamente, com muita curiosidade para ver como isso vai acabar (ou começar).
    Beijinho, um doce domingo
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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    1. Oi, querida, essa é a continuação.... rsrsrsrs
      É o final mesmo!

      Beijos

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