Cristina chegou em seu apartamento, tirou os sapatos na sala mesmo, caminhou até a enorme janela de vidro que pegava toda a parede, abriu as cortinas, destravou o fecho, deslizou e deixou que a brisa invadisse toda a sala. Debruçou no parapeito e ficou admirando o por do sol ao longe, na grande metrópole que já brilhava com os faróis dos carros e com as luzes das ruas ainda tímidas, que lutavam para iluminar depois do sol.
O calor sufocante fez com que Cristina permanecesse assim, com o rosto virado para o horizonte, mas de olhos fechados, apenas sentindo a brisa do entardecer. Não se refrescou no dia quente que marcou 37º.
Puxou uma poltrona que ficava perto da janela, de forma que quando se sentasse nela, poderia ver o céu mudando o tom de azul e, enfim, as estrelas mostrassem sua beleza. Mas o calor era sufocante, apesar da brisa que entrava no décimo segundo andar daquele edifício antigo, mas luxuoso.
Tirou a blusa que colava ao seu corpo, devido ao suor e a jogou no chão, do lado. Abriu o botão da calça jeans e se sentou relaxada na poltrona... Apesar de estar um pouco acima do peso e de não se considerar uma mulher bonita e sexy, gostava de seu corpo como era: tipo comum que não chamava a atenção dos homens quando andava pelas ruas, mas quem a conhecia intimamente, se apaixonava com facilidade. "Pelo conjunto da obra", ela dizia, para explicar o interesse que alguns tinham com ela e não com tantas outras mulheres lindas e de corpos perfeitos que tinham em todos os lugares.
Foi até a cozinha e voltou com um copo de água gelada com alguns cubos de gelo. Bebeu um gole. Outro gole... Pegou uma pedra e começou a passar no seu rosto... Com o calor do corpo as gotinhas escorriam pelo seu colo, molhando o sutiã e escorregava para o lado, pingando na poltrona. Lentamente foi descendo com a pedra pelo pescoço, pelo colo, e com a outra mão desabotoou o sutiã que tinha o fecho frontal. Não o tirou do corpo; apenas deixou que ficasse do lado dos seios... Passou o gelo em volta de cada um, sentindo o arrepio... gemia baixinho, mas gostava da sensação do gelo derretendo em seu corpo quente.... Desceu pela barriga e uma poça se formou em seu umbigo....
Cristina olhou pela janela e viu que alguém do apartamento de frente a observava. Ficou uns instantes olhando para ver se o indivíduo desconfiasse e disfarçasse, saindo da janela. Mas não! Ele continuou olhando e debruçou no parapeito como se quisesse se aproximar mais daquela visão. Cristina ficou incomodada com a atitude do homem, mas não se deu conta de que estava com os seios à mostra. Quando percebeu, cobriu com o braço, se levantou e fechou as cortinas. Se sentou de novo e ficou com raiva daquele homem abusado, indignada pela falta de respeito com ela, que estava dentro de seu apartamento e por isso, teria liberdade para fazer o que quisesse.
Deu um sorriso, e fez um gesto de não com a cabeça e começou a falar sozinha:
- Mas como eu vou exigir respeito de um senhor que não conheço, eu estando semi nua? Mas que sem noção eu sou!
Voltou para a janela, já com o sutiã e agora também com a blusa, abriu as cortinas e olhou para aquele homem, agora prestando atenção em sua aparência. Ele, de sua janela, acenou para Cristina. Ela, sem jeito, retribuiu o aceno, mas fechou novamente as cortinas e foi tomar seu banho. Mas o homem não saía de sua cabeça. Era simpático, calvo, parecia ter estatura alta. Sim, simpático!
A noite tomou conta da cidade e Cristina não parava de pensar naquela situação em que viveu. Quem sabe um dia possa conhecer aquele homem ousado, que a admirava enquanto se refrescava com o gelo, distraidamente com os seios à mostra, mas que se deu o direito de ter liberdade em sua casa, mesmo correndo o risco de ser observada por ele, e por tantos outros que não sabia que também poderiam estar olhando.
Bem, amanhã é outro dia.
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