sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Em outras vidas - I parte

A ambulância parada em frente a casa de Rafael chamava a atenção dos vizinhos, que aos poucos chegavam para saber o que havia acontecido.
- Meu pai faleceu!
Rafael, 28 anos, advogado, solteiro, ainda morava com os pais, pois tinha que ajudar nas despesas da casa.
Além dele como filho, tinha mais duas moças: Andrea e Rita, 14 e 12 anos respectivamente.
Um enfarte fulminante...
"Seu Dito", um homem forte, saudável até então, que caminhava todas as manhãs e esbanjava simpatia por onde andava.
A mãe de Rafael, Dona Alzira, inconformada, à partir da morte do esposo, se trancou em casa e nunca mais saiu; nunca mais teve vida social.
No velório do pai, Dona Alzira permaneceu o tempo todo sentada do lado do caixão, sempre acariciando seu esposo.
No enterro, passou mal e teve que ser medicada. Mas tudo bem.
Ainda no enterro, no cemitério, Rafael bem abatido, claro, depois que todos foram embora, se sentou num degrau e ali ficou um bom tempo. Chorou, chorou, chorou...
Não percebeu que uma moça sentara ali do seu lado com um copo de água na mão a lhe oferecer. Não olhou direito para a moça, mas aceitou a água.
- Obrigado...
- Não tem de quê. Quer conversar um pouco?
Mariana era seu nome, linda, bem branquinha, olhos grandes e negros, cabelos médios ondulados, castanhos. Aparentava ser muito simples, pois não usava maquiagem e a roupa era comum: um vestido florido em tons rosa e lilás, sapatos baixos brancos, nenhuma bijouteria, nem relógio, nem nada.
Começaram a conversar; Mariana apenas ouvia e olhava-o fixo nos olhos, quase que sem piscar.
O cemitério estava quase a fechar e foram caminhando até a saída. Se sentaram em um banco, numa praça que tinha em frente.
Depois de Rafael desabafar muito, começou a perguntar sobre Mariana:
- Moro aqui perto, com meu irmão Antônio. Meus pais morreram faz tempo. Hoje vim aqui no cemitério, no túmulo deles e lhe vi, sozinho, chorando. Eu sei o que sentiu, pois já passei por isso.
O cheiro da flor dama da noite que tinha na praça começou a incomodar Mariana e ela sugeriu que continuassem andando. Rafael concordou.
Pelo caminho, Mariana o convidou a ir à sua casa tomar um café e Rafael disse que não, que outro dia aceitaria. Se despediu de Mariana e foi embora.
Já em casa, Rafael se deu conta de que não sabe nada, nem endereço, nem telefone de Mariana.  Ficara encantado com tanta doçura, tanta atenção que tivera da moça.
Depois dos sete dias da morte do pai, Rafael voltou ao cemitério na esperança de encontrar Mariana. E encontrou, coincidentemente ela com o mesmo vestido, mesmo sapato e mesma meiguice. Abriu um sorriso quando viu Rafael se aproximar e lhe deu um abraço apertado.
- Oi, como você está? perguntou Mariana.
- É difícil, mas agora só o tempo para transformar essa dor em saudade.
- Isso passa... Tenha paciência e confie.
O jeito como Mariana disse, lhe chamou a atenção: "confie"... Nunca ninguém havia lhe dito assim: "confie".

Continua...

10 comentários:

  1. Lindo e quero ver a continuação!!Empolgante!beijos,chica

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  2. Olá Clara!

    Tocou em um assunto bastante delicado e muito interessante.

    Gostei!

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  3. Olá, querida Clara
    Confiemos!!!
    Bjm de paz e alegria

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  4. Clara,já vi que vai ter suspense nesse conto!Gostei do começo e vou aguardar a continuaçao!Bjs,

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  5. Oie!
    Passando correndo pra deixar beijo, beijo e desejar um ótimo final de semana, depois volto para te ler! ;)
    Beijo, beijo!
    She

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  6. Genteee... é pra ficar curiosa? Eu fiquei! rsrs
    Abração e lindo domingo pra vc!

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  7. Nossa, fiquei curiosa! Seria bom o Rafael encontrar uma pessoa q já tenha passado por isso, alguém q com ele some as alegrias e diminua as tristezas. Bom, é a minha primeira vez aqui, e tô adorando, espero q me visites. Bjo

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  8. Fiquei curiosa e vim ver como começou!!!
    Está muito bem escrito querida!!!
    Beijos!

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  9. Minha querida!
    Que texto gostoso...Amei! Vou lá ler as continuações... ;)
    Beijo, beijo!
    She

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