quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Premonição

Lara era uma garota aparentemente normal, se não o fosse o fato de ter "avisos" antes de acontecer coisas... como explicar... ela tinha sonhos nítidos que lhe mostravam o que estava pra acontecer. No começo não entendia bem o que significava, mas com o tempo e ligando os pontinhos percebeu que poderia evitar certos acontecimentos porque foi avisada antes.
Levava a vida normalmente, sem alarde e sem revelar o seu segredo.
Namorava um rapaz, o Rui à muito tempo, 6 anos, mas sem expectativa de casamento. Eram muito novos.
Passou no vestibular e foi estudar em uma cidade próxima - ia e voltava todos os dias. O namorado não gostou muito, era possessivo e ela aceitava - achava que era amor. Isso foi em 1987.
No segundo ano, a mesma turma, começou a entrosar mais com os meninos, e um em especial... o Edgar.
Bastaram apenas alguns papos e o brilho nos olhos, os sinos, as borboletas na barriga deram o ar da graça para os dois. Mas e o Rui? O que eu faço? Não houve traição da parte dela, apenas troca de olhares, conversas...
- Mas se eu estou completamente apaixonada por outro é porque não amo o Rui, então eu tenho que resolver.
E resolveu. Se alguém quisesse ver uma pessoa destruída, era o Rui.
- Mas ele é novo e logo me esquece.
Começou a namorar o Edgar, e foram 2 meses alucinantes, mas, por incrível que pareça, sem sexo.
Rui  e sua família inconformados  fizeram  de tudo pra ter Lara de volta... e conseguiram.
Parece que do nada o encanto acabou, cada um pro seu lado e Lara de volta ao namoro antigo. Marcaram casamento.
Edgar nunca mais conversou com Lara. Nós sabemos que o pior castigo que podemos receber é a indiferença. E isso acabou com Lara. Nunca mais viu Edgar lhe dirigir a palavra.
- Melhor ficar longe mesmo... Eu acho que não sou mulher pra ele...
E chorava, chorava, chorava.
Casou, teve filhos e uma vida péssima de casamento. Não que ela ou ele sejam ruins, os 2 juntos é que não combinavam.
- Mas como não percebi isso antes de me casar?
Uma coisa é casar e outra é conviver dentro da mesma casa. Acabou o casamento. Pagou caro por ter casado e pagou mais caro ainda por ter se separado. Mas agora era feliz, tinha paz.
Aqueles sonhos, às vezes pesadelos voltaram, agora era com acidente de carro batendo em um ônibus. Não passava uma semana sem que não tivesse esse tormento.
- Mas meu Deus, quem é que vai sofrer acidente?
Não conseguia ver. O sonho era apenas esse.
Um dia mexendo em suas coisas, achou a agenda da época da faculdade. E nela estava o telefone de Edgar. Gelou. Tomou coragem e ligou e foi a mãe dele que lhe passou o seu telefone.
- Meu Deus, o Edgar... eu preciso lhe pedir perdão. Eu sei que ele achou que o usei pra forçar o camento com Rui. E não foi nada disso! Será que ele me perdoa?
- Oi, Edgar, sou eu, Lara...
O papo durou 5 minutos, mas não queria pedir perdão por telefone. E naquela noite, certa de que teria uma bela noite, lá vem o sonho. Ela caminhava por um muro comprido que do outro lado era o cemitério. E na porta estava o Edgar. Lhe acenou e entrou. Acordou.
De manhã, ainda com o sonho na cabeça, ouvindo o noticiário regional: " Grave acidente com um carro e um ônibus matam  Edgar do Couto Ribeiro, de 45 anos e seu filho de 7, PLR."
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Hoje,  03 de Fevereiro faz exatamente 6 anos que isso aconteceu.
Ninguém saberia dizer que Edgar seria sua alma gêmea, que se casariam, que viveriam felizes. Mas à partir desse dia Lara nunca mais foi a mesma. E o que ela se esforça pra acreditar é que Edgar está lá, em sua casa, com seu filho, vivendo sua vida e que tudo aquilo não passou de um simples pesadelo.

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